21 outubro 2006

Mostra Londrina de Cinema

Esta semana ocorre a 8ª Mostra Londrina de Cinema, vou à Londrina desde a primeira edição desta mostra, que começou como uma mostra de Super 8 e o que vejo é o amadurecimento e fortalecimento do audiovisual nesta cidade a partir deste evento.

A hospitalidade, marca registrada de Londrina, aumenta o fazer 'se sentir em casa' tão comum para quem visita esta cidade. Outra marca bem interessante, desde os tempos de Super 8, é o fato de reunir realizadores e pessoas ligadas ao audiovisual e a partir disto se falar muito de cinema nos dias em que se passa pela mostra. E todo esse papo não rola com formalidades, é conversa em bar, almoço, na van, por onde se pára lá está a turma da mostra debatendo cinema, o que torna o ambiente muito produtivo intelectualmente. Rola muito outros papos também, para não acharem que há uma bitolação cinematográfica.

Enfium, ir 8 anos à Londrina me fez conhcer muita gente e ter amigos bem considerados.

Para conhecer mais a mostra: www.mostralondrinadecinema.com.br

03 outubro 2006

Manuela, deputada federal mais votada no RS

(Abaixo entrevista de Manuela D'Ávila antes das eleições nas quais ela se elegeu deputada federal pelo RS. A entrevista foi para o blog Nova Corja: http://www.insanus.org/novacorja)

Manuela d'Ávila se tornou uma das vereadoras mais conhecidas de Porto Alegre nesta gestão. Sangue novo na casa, socialista do PCdoB, vinda do movimento estudantil, as câmeras se focaram nela. Chegou a ser considerada musa da Câmara, mas argumenta que, sendo a mais jovem entre as vereadoras, é fácil levar o prêmio. O sucesso nas urnas é tanto que, neste pleito, concorre a deputada federal, com a esperança de puxar o PCdoB para além dos 5% de votos exigidos pela cláusula de barreira.

Os repórteres de Nova Corja Marcelo Träsel e Daniel Gallas visitaram a vereadora em seu gabinete há cerca de dois meses. Por absoluta negligência e vagabundagem, até hoje a entrevista não fora transcrita. Felizmente Rodrigo Alvares se irritou com a situação e decidiu fazê-lo. A conversa de mais de uma hora será publicada em partes.

Manuela nos recebeu desconfiada. Brincando, disse aos assessores: "nossos inimigos estão aqui". Alertou-nos mais de uma vez que não ficaria barato se descontextualizássemos ou mentíssemos pura e simplesmente. Já teve problemas com a imprensa. Queremos crer que em pouco tempo o gelo quebrou e conseguimos mostrar a pureza de nossos objetivos. A saber, ter uma visão nova da política municipal, pelos olhos de uma protagonista ainda não contaminada por mandatos sucessivos.

O gabinete de Manuela é todo cor-de-rosa. O rádio tocava rock quando chegamos. Nas paredes, clipping de notícias sobre seu mandato. Os assessores são todos bastante jovens. A vereadora fala rápido, gesticula muito e solta alguns palavrões de vez em quando. Fuma. Não é o estereótipo do político de esquerda, porém. Em momento algum tentou fazer proselitismo e diz que gostaria de ver uma esquerda mais leve e solta. Para ter uma idéia, assista aqui a um pequeno vídeo.

Träsel: A gente ficou interessado em saber como uma pessoa mais jovem na política vê a situação em Porto Alegre e no Brasil de uma maneira geral.

Gallas: É mais ou menos o que o Marcelo falou: é jovem, tá começando agora num ambiente em que boa parte dos jovens não está pensando muito em política ou se preocupando muito com política. E, se está pensando, é de uma forma bem contestadora, desiludida, não acho que é um cenário muito bonito.

Manuela: Tem algum momento da história que o cenário da política tenha sido bonito?

Gallas: Tem momentos da história que foram mais...

Manuela: Alguns foram poetizados. No Brasil, na história recente, pelo menos na Republicana não tem...

Gallas: Acho que foram momentos de otimismo, como na Redemocratização. Teve momentos em que todo mundo achou que dava, que as coisas iam para a frente. Agora, é o contrário: parece que toda a Redemocratização foi um fiasco. Mas a nossa idéia era falar da tua personalidade, que está entrando na política agora, justamente representando boa parte dessas pessoas, porque teus eleitores são jovens.

Manuela: Uma parte grande deles.

Gallas: Não todos?

Manuela: Uma parte bem siginificativa de gente mais velha, de professor universitário. Acho que é uma visão... Aqui, eu sou a única que trabalho nisso, a gente trabalha mais na questão da juventude, né? Agora, se for pegar dentro das universidades, na UFRGS, por exemplo, tem uma parte muito grande de professores que votaram em mim. Apoiaram a campanha, tipo o (Paulo) Vizentini, que é uma referência de pensamento de esquerda, com um voto significativo. E tem uma parte muito, e é engraçado, porque é a antítese do que as pessoas acham, de pessoas bem mais velhas, acima de 60 anos. É impressionante. Se passar uma manhã comigo no Brique, tu vai ficar impressionado. Muita gente de 50, 60 anos para cima vem falar comigo, se identificando como eleitores e tal. Óbvio que é fundamentalmente a juventude, mas não é só.

Gallas: Outro motivo para a gente vir falar contigo, não é só questão de seres jovem, mas também de esquerda...

Manuela: Tu vai dar pau na esquerda no blog?

Träsel: Pau a gente gosta de dar em todo mundo, mas como a esquerda tá no governo a gente...

Manuela: Tá, mas eu só vou falar um negócio para vocês. Por isso, é até bom que esteja gravado, pra vocês lembrarem disso. Porque se tem uma coisa que eu não suporto são mentiras. Pode colocar qualquer coisa que eu disse, agora tirar do contexto coisas que eu disse que nem tem uns colegas de vocês — nossos — fazem não é legal.

Träsel: É por isso que a gente se afastou da profissão também.

Manuela: É, porque tirar de contexto é diferente de colocar. Eu conheço o blog de vocês. Se vocês quiserem debochar da minha cara, debochar...

Träsel: Na verdade, a idéia é fazer mais um pingue-pongue.

Manuela: Não, só para combinar isso. Porque eu fico... Por exemplo, o Diego Casagrande tem a capacidade de inventar o que tu não dissestes. Então, ele já se complicou um pouco comigo por causa disso. A gente consefuiu se resolver numa boa, só nós dois. Porque eu, meu bem...

Träsel: Outra razão para a gente fazer essa entrevista é que chega todo ano eleitoral e a gente fica meio insatisfeito com a cobertura dos jornais. Como tem aquela história de dar o mesmo espaço para todo mundo, acabam não fazendo nada mais aprofundado.

Manuela: E sempre criam um mecanismo de não dar, né?

Träsel: É, tem isso. Então a nossa idéia era...

Manuela: Não, eu dei na boa [a entrevista ], meu. Mas sinceramente, quando eu li o bilhete, "ou eu vou dizer que não vou dar, mandar tomar no cu, não é isso? Não tenho que dar...".

Träsel: De onde vem o teu interesse em política? Especialmente política de esquerda, do Partido Comunista. É de família?

Manuela: Não é de família. Eu não sou neta de ninguém, que inventam que eu sou. Essa é outra mentira que falam. Tem jornalista que sabe que eu não sou, que já liguei pessoalmente para ele e ele continua dizendo que eu sou neta da Jussara Cony. Quando eu não sou neta, sou filha. Quando não sou filha, sou sobrinha. Quando eu não sou nada, inventam outro, tipo o Nereu D'Avila (PDT-RS). Não sou parente de ninguém próximo à política. É foda, entendeu? Aí é isso, eu teria orgulho de ser neta de qualquer pessoa que fosse. Tudo o que é jovem não é acostumado a ver a realidade como ela é. Tu tem uma fase da tua infância onde tu não é formado para ser crítico, né? Aí chega uma que tu começa a te dar conta das coisas, passa a observar mais ao teu redor. Eu até tenho uma tese que é a seguinte: as pessoas que são lógicas, que pensam, elas não podem viver em um mundo sem se questionar sobre ele. Não adianta, não é normal ter crianças passando fome, tem coisas não são normais. Eu tinha tudo. Eu comia, eu tinha casa, tinha família, tinha escola, e aí tu vai olhando para os lados e as pessoas não têm. Eu morei no interior por 12 anos. No interior, tem um convívio muito maior entre quem tem as coisas e quem não tem acesso às coisas.

Gallas: Tu morou em qual cidade?

Manuela: Eu morei em várias cidades. Morei em Pedro Osório, em Rio Grande, em São Lourenço.

Gallas: Filha de militar...

Manuela: Isso é machismo! Eu sou filha de mulher juiza [risos]. Então, o que acontece: no interior, tu convive mais. Aqui, não. Aqui o cara estuda em colégio particular e só convive com gente que nem ele. Lógico que essa questão aumentou na última década, mas já existia. Uma criança não anda sozinha pela rua, não vai no mercado. No interior, vai. Então, o que acontece, é que na cidade menor tu convive com essas pessoas. Tão dentro da tua sala de aula, pode até ser dentro da escola particular, como eu estudei. Só que não é o particular Dohms que eu estudei em Porto Alegre, que é uma escola supercara. É uma particular "escola de irmã", então metade da turma tem bolsa. Aí, tu tem tudo e o teu colega não tem nada. Então, acho que na adolescência tu te pergunta sobre isso. É normal. O que acontece na vida das pessoas: ou elas se acomodam — acomodam esse sentimento dentro delas. Sinceramente, acho que qualquer pessoa lógica, que pense, tem que se perguntar: ou tu acomoda ou tu instiga ele. O que aconteceu comigo, foi que a história de vida da minha mãe foi construída com muito sofrimento, mesmo. Com uma caminhada dura, que fizeram com que eu continuasse me questionando. Então, se com uns quinze anos eu já me identificava na época com o PT, que era o maior partido... Que é o partido com quem o povo se identifica, como sendo partido de esquerda. Comecei a tentar participar mais das coisas, teve a eleição de 1998. Participavba de comícios, bandeiraços, coisas assim, né, que já são uma forma de participação. Aí em 1999 eu entrei na UFRGS e na PUCRS ao mesmo tempo. E aí tu toma uma porrada na cara mesmo, que a universidade talvez seja o ambiente que mais te proporciona. E aí eu entrei no auge da Comunicação da PUCRS. Na UFRGS, era o auge da crise, não tinha nada, tinha uma máquina fotográfica pra fazer Comunicação. Vocês dois vieram da Fabico, sabem disso. Eu tinha aula numa sala que até o ano passado tinha a mesma goteira em cima. A URFGS acabada e a PUC com uma megaestrutura. Hoje já diminuiu o abismo entre a Fabico e a Famecos. Era assim, desproporcional, a gente tinha estúdio de cinema com tudo, e a federal nada. Então aí tu te dá conta. Tu vai te perguntando mais por que aquilo acontece. Aí tu vai ver teus colegas de aula. Metade da minha turma não se formou. Por quê? Porque não tinha grana para pagar. A universidade, eu acho que é o ambiente que mais te permite conviver com isso, de tu te questionar. Porque tu te dá conta de que quem tá ali vai ser a elite, não a financeira, mas a elite pensante do país. É isso. Ainda hoje, quem constrói o Brasil é quem sai da universidade.

Träsel: Mas qual é a tua avaliação do intercâmbio de idéias da elite pensante na universidade? Foi lá que teve mais contato com idéias...
Manuela: Tem muito limite, tem muito limite. A universidade foi pensada na última década, pelo Fernando Henrique, para ser um ambiente acrítico. É só tu ver a redução do investimento em pesquisa. Nas Humanas teve um fracasso de investimento. Por quê? Pra formular menos. Então tu sai de uma ditadura militar, tem um processo de redemocratização com um turbilhão de idéias. Todo mundo querendo a queda do Muro do Berlim. Pô, um monte de coisa. Tem gente que se abala. Fim da Esquerda, [Francis] Fukuyama, acabou a História. E aí vem um ambiente muito propício ao pensamento. E aí vem quem? Vem o tio FH e não investe mais nisso. E tu tem uma resistência dentro da faculdade, de pesquisadores, mas tem um limite que é pensado. Não é pensado, assim, maquiavelicamente, mas que é fruto de uma política, que é o neoliberalismo, que pensava um desenvolvimento dependente para o Brasil. Então, para responder à tua pergunta. Eu comecei a militar na greve. Nos apitaços, acampamentos - que inclusive depois geravam muitos filhos. Tinha vários namoros, casamentos, que aconteciam depois. É bom, né? Eu, pelo menos, luto para que o jovem de esquerda seja igual aos outros. Bom, mas aí eu me filiei na UJS [União da Juventude Socialista], que é a nossa organização de juventude do movimento estudantil.

Träsel: Da qual tu é presidente.

Manuela: Agora eu sou presidente estadual. O nosso presidente foi para a Executiva da UNE. Eu tinha sido presidente da UJS de Porto Alegre, bem antes. Nem me lembro o ano. 2001, acho. Em que ano a gente tá, 2006? Então foi em 2002. [Confirma com uma assessora]. Aí foi isso. Eu me organizei, depois de um ano, eu me filiei ao PC do B, porque eu não tinha convicção, queria entender a diferença entre o PC do B e do PT do ponto de vista de militante mesmo. Eu queria militar em um partido que...

Träsel: E qual é a diferença?

Manuela: A principal é para que serve tudo que a gente faz. Acho que essa é a principal. Nós não perdemos esse horizonte. Eu consigo entender a visão de vários petistas que não compreendem - não da direção, digo de pessoas que se identificam com o PT -, se identificavam com o PT e estão extremamente frustradas, porque não entendem o governo Lula historicamente. O governo Lula, pra gente, tem um objetivo claro: acumular força. Acumular força para quê? Para o nosso país crescer, se desenvolver. Para criar um ambiente democrático, né, porque o ambiente que o Fernando Henrique pensava não era um ambiente democrático. Um momento em que movimento social toma pau do exército, para não se manifestar. Então, criar um ambiente democrático para tu chegar no objetivo mais além, que é o Socialismo. A gente tá acumulando forças. Se eu entendesse como um fim nele mesmo, falava "porra, ele é o fim dele mesmo e não tá fazendo nenhuma transformação radical".

Gallas: Então, historicamente, o PT tenta acumular forças, mas de uma forma democrática.

Manuela: O PT, eu não sei. Nós fazemos isso, né? Nós queremos construir o Socialismo. O Socialismo é o nosso norte. Vamos fazer de conta que a gente tá numa estrada, tá? A nossa estrada, mas o mais longe que a gente consegue enxergar agora é o Socialismo, a gente é comunista. Vamos falar até o Socialismo.

Gallas: Mas qual o horizonte do PT, na tua opinião?

Manuela: Eu acho que alguns setores do PT defendem o Socialismo. E acham que o PT é um partido que constrói o Socialismo. Enfim, é legítimo que eles achem isso. Tem muito comunista no PT. Não acho que os comunistas todos estão no PC do B e tal. Agora, o PT, historicamente, é um partido em disputa. Tem um setor mais avançado e tem setor que defende uma Social-Democracia com direitos, talvez parecida com o que existiu em alguns momentos na Europa, mas que se mostrou fracassada. Mas acho que é isso, uma disputa.

Gallas: Tu acha que no PCdoB não tem disputa?

Manuela: Não, pra nós é muito claro isso. Essa é a diferença de um partido que não tem tendências. Então, nós temos isso muito claro. O PT é um partido que reivindica a construção de uma outra sociedade mas não aponta o Socialismo como a única alternativa deles. Acho que isso é o que melhor define.

Gallas: Por que a Câmara como espaço de atuação política?

Manuela: Porque a gente fez uma avaliação na época da eleição. Eu era da UNE. Tanto que eu me afastei da gestão quando concorri. A gente fez uma avaliação de que Porto Alegre... Primeiro, a gente sempre teve uma visão crítica com relação ao tratamento dado à temática de juventude. Há algum tempo a gente desenvolve isso. Subestimam mesmo o papel da juventude, com uma visão eleitoreira. De "bom, o quanto se tem que trabalhar essa temática porque é um contingente eleitoral grande". Essa é uma lógica que predomina no Brasil. E a gente fez a avaliação de que não existia esse espaço, porque nós, nos 16 anos de Administração Popular, embora a gente tenha tido alguns avanços na temática, tudo ainda foi muito limitado. A prova maior disso veio depois, né? Acho que a eleição confirmou que existia esse espaço. Confirmou mais: que poucos enxengarvam na esquerda algum tipo de renovação. Renovação política. É muito mais arejada a nossa campanha. Alguns tentam desqualificar, porque têm uma visão dogmática do que é esquerda. Reproduzem o dogmatismo da esquerda da década passada. Tentam desqualificar dizendo que é despolitização, porque transformava a política em algo mais simples para as pessoas compreenderem. Isso marcou a nossa idéia de que havia necessidade de renovar e de que havia a necessidade de trabalhar a juventude de uma maneira séria e sistemática em Porto Alegre. Não só eventualmente, quando desse na telha. E a maior prova disso é que depois que a gente veio para cá tudo, tudo, tudo, qualquer coisa que tu pensar relacionada à juventude, nunca existia em Porto Alegre. Nada. Tinha idéia, a gente ia conversando, fazendo reunião. Tínhamos as nossas propostas de candidatura. Depois que a gente encaminhou todas elas, bem, aí nos seis primeiros meses de mandato a gente tinha projeto com o que a gente propôs na campanha. Aí qualquer idéia que surgisse, a gente ia e lia para ver se algo a respeito tinha ou estava sendo feito, e não tinha nada. Única coisa que existia era o Dia Municipal do Grafite.

02 outubro 2006

Pente Fino no WC


Salve Salve!

Imperdível a peça "Pente Fino", encenada no banheiro masculino do Hotel Renaissance em São Paulo. Texto de Cristopher Welzenbach com adaptação de Daniel Gaggini e Luciana Rossi.
Os meandros de negociações sórdidas nos bastidores inescrupulosos da política brasileira é o que espectador encontra nessa brilhante montagem que possui, além de um bom texto, interpretações cheias de nuances que dão força a cada personagem com peculiar maestria.
A peça se passa num banheiro masculino e o público acompanha a peça ao redor como num teatro de arena e ainda com a liberdade de movimentação para experimentar melhores angulos para ver o espetáculo.

Banheiro Masculino do Teatro Renaissance (Al. Santos, 2233)
Sexta: 21:45
Sabado: 21:15
Domingo: 18:15

www.wcpentefino.com.br

Segundo Turno

E vamos ao segundo turno!
Mas não posso deixar de constatar aqui vitórias positivas:
4 estados: AC, PI, SE e espetacularmente BA
2 importantes segundos turnos: PA e com muita torcida RS
E deixo também um saudoso abraço às deputadas federais do PC do B Perpétua (AC) e Manuela (RS), ambas as mais votadas em seus estados.

Cinema, Aspirinas e Urubus



Salve Salve!

Cinema, Aspirinas e Urubus volta às telas paulistanas, por favor aqueles que ainda não viram, aproveitem, um belo filme com uma bela sensibilidade acerca do que é possível nas relações humanas.
E pra quem viu, mais uma oportunidade para rever, rever e rever.
Sem dúvida é um filme para impregnar em nossas retinas e nas nossas almas.

Reserva Cultural (Av. Paulista, 900)
13:30; 17:40; 19:40

p.s.: Este filme é indicado pelo Brasil para uma indicação ao Oscar.

Palavras de Cicero

as melhores armas para a velhice são o conhecimento e a prática das virtudes. Cultivados em qualquer idade, eles dão frutos soberbos no término de uma existência bem vivida. Eles não somente jamais nos abandonam, mesmo no último momento da vida - o que já é muito importante -, como também a simples consciência de ter vivido sabiamente, associada à lembrança de seus próprios benefícios, é uma sensação das mais agradáveis.

(Saber Envelhecer, de Cícero)

26 setembro 2006

Do coloquio a reflexao

Para quem ainda não conhece todas as minhas facetas, entre várias atividades que exerço está o estudo de filosofia, sou graduado nesta área e no momento estou fazendo mestrado em filosofia política, o objeto do meu estudo é a corrupção em Maquiavel. Faço o mestrado na Universidade São Judas Tadeu, e esta semana ocorre por lá o Simpósio Multidisciplinar, evento que conta com simpósios e palestras das diversas áreas de estudo da universidade.
Ontem, numa segunda-feira fria e tipicamente paulistana, ocorreu o II Mini Colóquio: As Margens da Filosofia, que teve apresentações de três professores da São Judas: Eunice Ostrensky, Hélio Salles Gentil e Paulo Jonas Lima Piva. O objetivo deste colóquio é a exposição de outras áreas que podem promover a reflexão em filosofia, mesmo que não estejam diretamente associadas ao estudo de filosofia.
A Profa Eunice, que me orienta no mestrado, fez uma exposição acerca do Rei Lear, texto daquele meu xará inglês, o Shakespeare, o Prof. Hélio falou de Cortázar e o Prof Piva fez uma inflamada apresentação do filósofo francês Michel Onfray. Será impossível expor aqui todo o conteúdo das três apresentações, ou até mesmo elaborar um texto que possa dar conta de todas as nuances do que foi falado por lá, mas colocarei dois detalhes que me chamaram a atenção.
Primeiro foi o fato de que os três comentaram sobre, isto já na minha óptica, fuga. Fugir não no sentido negativo, de abandono, e sim de fugir para buscar algo novo. A Eunice trouxe algumas considerações interessantes sobre a tragédia do Rei Lear nas quais o excesso de poder de um rei pode se tornar um elemento desestabilizador da ordem, o estado das coisas esteabelecido pelas relações na família do rei se torna um câncer à medida que tudo é colocado à prova. Ao se buscar o rompimento desse estado das coisas, o que se apresenta é uma descida ao inferno, tudo se desfaz, inclusive a razão. Verifico nisto que a fuga se deve dar antes que, através da razão, possamos nos dar conta que um vicioso estado das coisas se estabeleceu.
Cortázar, autor que é uma lacuna no meu repertório literário, por si só desperta curiosidade, mas na exposicão do Hélio ganhou uma dimensão peculiar. Um dos pontos levantados foi sobre uma 'constante lúdica' e 'um lançamento ao aberto', que pode ser verificado nos textos de Cortázar. Isto pode também se configurar como uma fuga, uma disposição ao lúdico que permite que o conhecimento de mundo fuja de padrões, que se rompa com o estado das coisas à medida que a imaginação possa permitir. E isto nos dá uma dimensão do que é se admirar com o mundo pela primeira vez, mas pra isso acredito que devemos nos permitir, exercitar o ato de se lançar ao aberto. Podemos fugir sim, sempre que possamos causar rupturas para o novo. A exposição do Hélio termina com uma frase curiosa :"deixar os cronópios nos abrir as portas da admiração". Não se pergunte o que é cronópio, apenas deixer que ela abra a porta.
Após um breve intervalo, sobe no púlpito, convidando para a mesa o espítiro do Marques de Sade, o Piva com uma apresentação inflamada sobre o ateísmo militante de Michel Onfray. Outra vez me permito enxergar um comportamento de fuga, configurada pela não aceitação da ordem estabelecida pelas religiões monoteístas, o que é uma porta que se abre, é acima de tudo se permitir desfrutar de você mesmo e dos seus semelhantes, sem restrições de ideais ou culpa. Mas o que me chamou a atenção está associado ao segundo ponto que eu gostaria de levantar, que são as nossas possibilidades de absorver um mundo moldado por paradigmas sempre estabelecidos por conta de uma manipulação.
Se Shakespeare pretendia expor sua visão sobre a sórdida realidade, e se Cortázar pretende extrapolar qualquer realismo e se Onfray luta por uma nova ordem, isso tudo nos faz enxergar que a história da humanidade é uma história da manipulação, o que pra mim não é uma novidade, mas faz crer que o inferno se estabelece como regra. Então o ato de fugir é não uma reação e sim uma ação natural do homem, a reação se estabelece nas resistências às fugas.
Talvez eu tenha viajado demais, mas o teatro, a literatura e a própria filosofia apontaram para uma fuga, ou melhor, abriram uma porta como sempre fazem, cabe agora eu admirar!

18 setembro 2006

Gustavo Acioli

Participo da equipe do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo desde 2005 na produção das mostras brasileiras, e uma entre as infinitas satisfações que este trabalho me traz é a possibilidade de conhecer pessoas de vários cantos do Brasil e do planeta.
E foi nesse meu primeiro ano de festival que conheci Gustavo Acioli, que estava com o inquietante curta "Mora na Filosofia". Seu trabalho anterior chamado "Nada a Declarar" já havia me instigado em vários aspectos, principalmente pela forma de apresentar alguns problemas político-sociais que acredito que devem ser debatidos.
Também músico, Gustavo Acioli lançou o CD "eu, camelô de mim", trabalho feito com uma sonoridade que traz um estilo peculiar, bom pra ouvir e refletir.
E tem mais, ainda este ano chega às telas seu primeiro longa-metragem "Incuráveis".
Deixo aqui a sugestão pra conhecer também o Acioli através do site www.acioli.com, lá é possível assistir aos seus curtas.

Otimismo/Pessimismo

Passeando pelos canais de TV pesquei uma entrevista do Cacá Diegues e de lá trago pra cá uma interessante frase, que chegou até ele em maio de 68.

"Vamos deixar o pessimismo para quando tudo estiver bem"

17 setembro 2006

Thelma & Marty


Thank you so much. This is really as much yours as it is mine, Marty. Not only because you helped me edit the movie, but because you think like an editor when you shoot. And you gave us an incredibly dazzling ride on this film. And gave us a fantastic group of actors. I truly loved editing your footage and theirs.

There's so many people to thank. I won't thank them. But I think they know who they are. The mixers, the wonderful visual effects people, particularly my assistants: Scott Brock, Tom Foligno and Erin Crackel. They really got it up there on the screen. But it's really you, Marty. To you. Thank you.

(Discurso de Thelma Schoonmaker ao receber o Oscar de melhor montagem por O Aviador)

Cicero em espanhol

Por lo cual la sabiduría que logra resolver los conflictos por vía pacífica es más de apreciar que la misma valentía desplegada en la batalla; pero mucho cuidado con esto, no sea que deje la guerra por evitar la lucha, más que por la consideración del bien común.

Cicerón ("Sobre Los Deberes")

Confiar em seu saber interior


"Vocês não devem ter medo de usar sua intuição e abrir caminho com os sentimentos (...) De ter a experiência e confiar em seu saber interior sobre o que ela é".

David Lynch

16 setembro 2006

Declaraçoes do papa


O papa Bento XVI fez declarações que ofenderam o mundo mulçulmano. As intenções podem ser bem diferentes das que sugerem o discurso do papa, mas é triste presenciar este fato num momento tão delicado das relações entre os muçulmanos e o ocidente.
Associar o islamismo à violência é extremamente equivocado, não se pode estabelecer de forma tão reducionista os conceitos religiosos como bases da prática de conflitos violentos ou atos terroristas.
Como cristão e católico fico preocupado, não pelas reações islâmicas e sim pelo distanciamento de nossa espiritualidade das reflexões positivas acerca das relações humanas.

Um breve pensamento politico

Entraremos na terceira semana de setembro de 2006, vésperas de eleições gerais no Brasil, época em que o debate político se faz presente, de forma não tão ampla, mas com um vigor que em tempos fora de eleições não ganha todo esse dinamismo. Eis a preocupação.

O que significa participar da vida política de seu país? No processo democrático establecido, o instrumento para esta participação é a escolha da população de seus representantes através do voto, mas isto é tudo? Vivemos numa sociedade onde os partidos políticos operam para fazer política nas instâncias de representações eleitas pelo voto (governo federal e estadual, prefeituras, congreso, câmaras de deputados e de vereadores), e este "fazer política" consiste em estabelecer projetos e propostas capazes de promover o desenvolvimento seja de um estado, município ou país. Pensar na importância de um partido político talvez fosse uma primeira ação de participação, mas acredito que isto seja realmente esquecido não somente em tempos de eleições, mas principalmente, e isto que considero mais grave, nos anos em que não temos eleições.

Esta semana me dei conta do seguinte: Lula praticamente certo como eleito no primeiro turno, porém para governador o PT deverá ser vencedor em dois estados (Acre e Piauí) e com possibilidades em Pernambuco e Rio Grande do Sul. Por que acreditar num partido à frente do país e não à frente do estado? Uma resposta imediata seria que isto representa a democracia em sua melhor forma, ou seja a diversidade de opções e de projetos de governo não conduz a um pensamento único, foi sonhando com esta realidade que poderíamos até arriscar que muitos morreram nos porões da ditadura, mas isto é uma outra história. Voltando, por outro lado temos Serra também praticamente dado como eleito em primeiro turno, Aécio Neves com 70% das intenções de votos e FHC, em uma carta de forte repercussão, clamando à militância e aos eleitores do PSDB para que observem sua posições para uma forte autoavaliação com vistas para 2010. E outro fator que pairou nos meus pensamentos foi o fato de que é quase consenso que Aécio Neves deverá ser o presidente do país eleito em 2010.

Com essas coisas todas em meus pensamentos articulo que há um trabalho precário de militância política, não se pensa nos partidos políticos como reais instrumentos de organização de propostas e condutas para a viabilização de projetos que fornecerão os rumos econômicos e sociais do país. Temos ainda uma opinião pública que julga constantemente seus representantes por sua postura moral, avaliam que tomar um porre com frequência é mais indigno que negociar privatizações sem discussão aberta com todos os setores políticos do país. Mensalão é a palavara da vez, mas sair acusando quem sabia ou quem não sabia é um modo muito precário de se indignar, não reconhecer o trabalho da polícia federal que desmancha, com operacões de todos os títulos, esquemas gigantescos de fraudes e desvios de dinheiro público é se afastar de uma real avaliação de um governo que vai ser reeleito. Nas discussões sobre o cenário político brasileiro há muito mais julgamentos de valores do que avaliações políticas para uma efetiva participação seja através do voto seja através de uma militância partidária.

Pelas pesquisas o PT continuará no Acre e no Piauí, PSDB em Minas Gerais e em São Paulo. Espero sinceramente que isto não signifique continuísmo. Só pra lembrar: as pesquisas também apontam o PFL novamente na Bahia!

13 setembro 2006

No início era o caos

Enfim, um início para um blog.
Não foi um caos, mas a mente se transforma num caos a medida que podemos ver a posisiblidade de manifestações subjetivas que possam estar contidas por aqui.
Mais um espaço cibernético.
Isso é bom.