17 novembro 2011

Novembros PJ

Rodrigo Araújo me abordou no final do show do Radiohead em 2008 e perguntou se eu achava que havia faltado alguma música no setlist da banda inglesa, de cara citei duas canções de minha preferência. Rodrigo balançou a cabeça e me disse algo assim: "Não faltou nada, o show foi perfeito!".

Claro que eu concordei com ele, o show havia sido espetacular e exigir mais seria um preciosismo sem tamanho.

É sempre muito louco e nonsense esperar que uma banda toque o setlist mais perfeito conforme a preferência de cada fã. Mas enfim, o Pearl Jam possui duas músicas que estimo em demasia, "Dissident" e "Leash", não por acaso pertencem ao meu álbum preferido "Vs".

Quando eles estiveram no Brasil em novembro de 2005, "Dissident" foi tocada em Curitiba e no Rio. Entre as duas cidades aconteceram os dois shows aos quais eu fui em São Paulo e onde eles não executaram essa música. Uma pena, mas nada a reclamar, foram shows inesquecíveis.

Para quem não sabe, o Pearl Jam nunca repete seus setlists, eles decidem o que vão tocar no mesmo dia da apresentação.

Eles voltaram ao Brasil em uma nova turnê em novembro de 2011 e lá fui novamente assistir a mais dois concertos da banda e obviamente esperei "Dissident". Não tocaram.

Cinco dias depois, no show que eles fizeram em Curitiba, essa música entrou no setlist. O mais curioso é que foi no dia do meu aniversário. Pois é, eles entregaram o presente no lugar errado...

Mas é isso aí, até agora estive em quatro shows dessa banda e contei essa história de "Dissident" apenas como um pequeno desabafo, pois os caras ao vivo são muito bons, não importa o setlist.


Para conhecer Dissident e ao vivo: clique aqui.

Para conhecer mais sobre o Pearl Jam clique aqui no site dos caras

Para conhecer todas as setlists do Pearl Jam: também no site dos caras.

Um grito que vem do rio

A releitura é uma interessante ferramenta para novas descobertas. De todo modo, também há o fator de amadurecimento pessoal, um dia nunca é igual ao dia anterior, mudamos constantemente. Foi refletindo o quanto eu havia mudado ou não, que cheguei ao final da releitura de "A Queda", de Albert Camus.

Uma das questões que me tocou foi o aspecto de julgamento, como a relação entre as pessoas pode agir como um tribunal do júri. A necessidade de superioridade em relação ao outro é algo que se estabelece quase como um poço de crocodilos.

Mas há uma fuga perante a crueldade da natureza humana? Quais mecanismos o homem encontra para se estabelecer nesse amálgama de sujeira e podridão? As vias são sinuosas e cada curva espera unicamente a miséria de cada um, não há morte, há humilhação.

Outro pensamento após essa releitura foi perceber que às vezes sinto uma atmosfera que exige nossas permanências, como se precisássemos encontrar sempre uma individualidade única e imutável. Somos compostos por nuances que em geral são conflitantes entre si e precisamos conhecer de perto esses conflitos, o autoconhecimento é gradual e as expectativas são cruéis.

Como medir a nossa própria percepção das coisas?