02 dezembro 2011

Cidadania - um amadurecimento necessário


Outro dia entrei no ônibus e à minha frente estava um rapaz que aparentava entre 16 e 18 anos de idade. Quando ele chegou na catraca, perguntou ao cobrador se o coletivo passaria no estádio, e com a resposta afirmativa o tal rapaz encostou no leitor do bilhete único uma pequena bolsinha de pano e zíper, em seguida pediu ao cobrador que liberasse a catraca.

Para quem não conhece o sistema de bilhete único em São Paulo, quando é um bilhete normal basta encostá-lo no leitor que a catraca libera automaticamente, desde que o bilhete possua créditos, obviamente; quando o bilhete é especial, geralmente como benefício para idosos ou pessoas com necessidades especiais, o beneficiário do bilhete precisa encostá-lo no leitor e esperar que o cobrador libere a catraca.

Pois bem, o cobrador solicitou ao menino que mostrasse o bilhete que estava dentro da bolsinha, e lá estava a foto de uma senhora no cartão. O cobrador perguntou quem era a mulher dona do bilhete, o rapaz respondeu que era sua tia. Prontamente o cobrador disse que não ia liberar e alertou de que se fosse outro funcionário teria confiscado o bilhete e a tia dele perderia o benefício.

O rapaz infrator continuou parado na catraca dizendo que estava indo encontrar a sua tia para entregar o bilhete. O cobrador perguntou se o rapaz não possuía dinheiro para pagar a passagem e, como era de se esperar, teve um não como resposta.

Eu já estava enfurecido e torcendo para que o cobrador mantivesse a rigidez, mas que nada, foi conivente e liberou a catraca para o rapaz apenas alertando para ele não fazer mais isso.

É justamente essa conivência que me deixa triste pois reflete nossa fraca cidadania. Comentei com o cobrador que aquilo era um ato de corrupção e que é muito fácil apenas jogar a culpa pra cima dos políticos. Confesso minha covardia em não ter reclamado e buscado evitar que o rapaz passasse pela catraca, porém nunca sabemos com quem estamos lidando e a violência é tão presente quanto pequenos gestos de corrupção.

Precisamos cada vez mais de uma ampla conscientização sobre o valor de um bem público. Quem pagou aquela passagem para ele ir ao estádio, muito provavelmente para comprar o ingresso de um jogo de futebol, foram os cofres públicos, e isso não pode ser admitido, e principalmente por quem deveria zelar por eles, como é o caso do cobrador de ônibus.

Mas enfim, é lamentável que cada um queira apenas saber do seu quadrado e da sua vantagem pessoal. Espero que com o tempo possamos compreender melhor o que significa corrupção e como ela tem sido o câncer mais nefasto que atinge nosso país.

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