05 janeiro 2012

Barra de Maxaranguape

O meu objetivo inicial era ir a São Miguel do Gostoso, município localizado ao norte de Natal, cuja tranquilidade e belas praias são seus atrativos. Planejei passar ai uns cinco dias, incluindo o natal. O plano era viajar sozinho e dedicar os momentos para leituras e meditação.

Antes de fechar reserva em alguma pousada, escrevi ao meu amigo Henrique, que mora em Natal e que é um dos organizadores do festival Goiamum; certa vez ele me falou sobre uma casa que possuía na praia, e no email que lhe enviei perguntei onde era essa casa. Ele me respondeu que fica em Barra de Maxaranguape e que a colocaria à minha disposição.

Resolvi aceitar o convite e passei três dias em Maxaranguape. Depois continuei minha viagem indo a Pipa/RN, João Pessoa/PB, São Bento do Norte/RN e Galinhos/RN. Não visitei São Miguel do Gostoso, que ficará para uma próxima oportunidade.

Em Barra de Maxaranguape pude desfrutar de sua tranquilidade, iniciar minha leitura das “Confissões” de Santo Agostinho e tomar bons banhos de mar.

Com uma gentileza ímpar, Henrique me buscou no aeroporto de Natal, pernoitei em sua casa e na tarde seguinte ele me levou a Maxaranguape. A casa dele é espaçosa, confortável e com uma varanda de frente para o mar bem à beira da praia.

Vista da varanda da casa:





Maxaranguape é uma cidade de pescadores, pequena, modesta e tem um litoral incrível e deserto. Há pouquíssimas pousadas, todas de pequeno porte. Há um comércio variado, com supermercados, lojas de construção, roupas, variedades, farmácias e lan house.

Para comer há poucas opções à beira-mar, todas com preços bem acessíveis. Dentro da cidade, existem restaurantes que servem refeições completas de peixe, frango ou carne de sol (acompanhando arroz, feijão, macarrão e salada). Vale sempre a pena solicitar pratos com peixe, incluindo lagosta que é servida nos restaurantes da praia.

A cidade é cortada por um rio que deságua no mar e que forma um visual bem bonito. Há uma balsa que transporta carros e pessoas como ligação para a cidade vizinha de Muriú.

Local onde o rio desagua no mar:







A praia não tem agito, é pouco frequentada e não há um fluxo intenso de turistas. Boa parte da extensão da praia é deserta. O mar é um pouco agitado, mas sem problemas para o banho.



Ao norte da praia localiza-se o Cabo de São Roque, conhecido como o ponto do continente americano mais próximo da África e da Europa (não confundir com João Pessoa, que é o ponto mais oriental do continente, porém não o mais próximo da África). Uma caminhada até lá vale muito a pena, o local é cercado por uma falésia e na parte alta encontra-se um farol.

Cabo de São Roque:


Ao sul está a praia de Muriú. Com a maré baixa, é sugestivo caminhar pela praia até lá. No caminho encontram-se belíssimas praias desertas, boas para banho e meditação.

Praias a caminho de Muriú:






Outra atração que recomendo em Barra de Maxaranguape é o nascer do sol, que acontece por volta das 5h da matina. É possível ver o sol surgir no horizonte do mar.




Maxaranguape é ideal para descansar, fazer boas caminhadas, curtir um banho de mar e conviver com a população local.

Como chegar:

Não há ônibus para Maxaranguape. O transporte é feito por táxi-lotação que serve tanto a Natal quanto às cidades vizinhas. É um transporte organizado com associação e serviço eficiente. A única questão é que geralmente é necessário esperar que a lotação atinja três pessoas, às vezes até sai com duas e vai pegando pessoas pelo caminho. O valor Natal-Maxaranguape sai em torno de R$8,00. Caso deseje-se que o táxi leve a algum destino da cidade mais distante como a rodoviária ou Ponta Negra, o valor pode chegar a R$15,00.

Para ir de carro, o percurso é pela BR 101, há placas indicando a entrada.

É possível chegar também pela praia com buggy ou carro com tração 4x4.




02 janeiro 2012

Velocidade

Ela corria como ninguém. Ela era imbatível com os seus vinte e sete anos. Além do treino constante, suas pernas eram movidas por paixão. A velocidade nos seus passos representava uma conquista diária. Não podia haver limites, uma superação deveria vir após a outra.

Até que um dia seus olhos acordaram vendados, era um tecido macio e com um perfume agradável. Logo em seguida percebeu que suas pernas estavam amarradas à cama. Sentou e tentou desatar o nó da venda, não conseguiu. Reuniu todas as forças de suas mãos e não obteve nenhum sucesso. O mundo estava às escuras.

Suas pernas também.

Gritou o grito mais doloroso de sua vida. Gritou por ajuda e por desespero. Nenhuma resposta. Lágrimas e um choro de dor tomaram conta de seu rosto e umedeceu o pano perfumado.

Deitou novamente e fechou os olhos. Percebeu que o mundo era o mesmo. Escuridão e medo.

Quis adormecer e não conseguiu. Pensou que talvez um sonho pudesse lhe consolar. Lembrou de um sonho que teve há dois anos, em que a lua cheia iluminava várias pessoas correndo, mas aos poucos elas iam desaparecendo, restando-lhe uma amiga e um homem que ela jamais havia visto. Quando o homem parou de correr tudo se iluminou e um branco tomou conta de seus olhos. Desde então acreditou que aquele homem pudesse existir de verdade e que talvez fosse bom encontrá-lo.

Muitas horas se passaram e as forças se esgotaram por completo tentando arrancar a venda nos olhos e as amarras de suas pernas. Ela nunca havia esperado tanto sem poder agir. Buscou algo que distraísse seus pensamentos. Encontrava apenas uma confusão de ideias.

Inquieta, gritou novamente. Sentiu a mão de uma menina soltando suas pernas. Ela levantou rapidamente, tentou arrancar a venda dos olhos e não conseguiu. Tateando pelas paredes e móveis de sua casa, abriu a porta e correu mundo afora.