23 outubro 2012

Nem Tudo é Preto e Nem Tudo é Branco

A polarização é uma tendência comum e algumas vezes sinto que as pessoas se sentem confortáveis em polarizar opiniões, modos de viver, pessoas, pensamentos e principalmente pontos de vista. Ao polarizarmos as coisas, verifico que jogamos fora o que talvez seja mais rico nas relações humanas que são as nuances e principalmente a real possibilidade de aproximação.

Nem tudo é preto e nem tudo é branco.

Considero a frase acima um bom ponto de partida para ressaltarmos algumas questões que estão no filme francês "Intocáveis", dirigido por Eric Toledano e Olivier Nacache. Esse filme me surpreendeu, fui assistir a ele com alguns receios, principalmente se haveria um tom melodramático ao extremo ou insuportavelmente existencialista.

Sim, é um filme existencialista, mas que não opera com extremismos e sua narrativa flui muito bem pontuando de forma adequada os principais elementos dramáticos, como os personagens bem definidos e com funções expressivas para dar conta do delicado enredo. O filme é baseado em fatos reais e conta a história de um milionário tetraplégico que aposta na contratação de um negro imigrante da periferia pobre de Paris para ser seu cuidador.

Para além do existencialismo, acredito que "Intocáveis" traz uma reflexão social contundente. Polarizando apenas inicialmente, enxergo que o filme tem numa ponta a burguesia tetraplégica e na outra todas as energias e defeitos possíveis do imigrante. Porém o filme se despolariza quando a mente dessa burguesia, a sua unica coisa funcional, resolve se abrir para a aproximação do seu oposto social.

O resultado é uma das expressões humanistas mais sólidas que vi recentemente no cinema. Todos os valores burgueses apresentados no filme soam como veículos podres num estacionamento abandonado, porém eles se movimentam, não são tetraplégicos e buscam se impor de uma forma visivelmente inadequada. O humanismo do filme se estabelece por não criar vitimização no personagem imigrante e muito menos em relação aos seus parentes e amigos da periferia parisiense.

Lançando-se em sentido contrário, "Intocáveis" mostra que a aproximação de opostos sociais não representa a soluçao dos problemas de nenhum dos lados, ela expõe que basta não enrijecer padrões e pensamentos. Continuamos sempre com todos os conflitos e desafios aos quais a vida nos leva.

22 outubro 2012

Em Salvador

Fui a Salvador para participar do Festival Nacional 5 Minutos, dedicado à produção de curtas com até 5 minutos de duração. O festival é bem charmoso, publico participativo e um espirito jovem com a presença de realizadores de várias idades e de cantos diversos do país.

Segue aqui os poucos registros que fiz dessa minha primeira visita a Salvador.

BAR DO ESPANHA. Boteco antigo localizado em frente à Sala Walter da Silveira, onde aconteceram as exibições do Festival 5 Minutos. O nome do bar vem do antigo proprietário que é espanhol. Antigo, cerveja barata, um ótimo sanduíche de pernil e boas conversas.



PELOURINHO. Passei uma tarde inteira percorrendo as ruas do Pelourinho. Abaixo estou num pátio interno da Igreja da Ordem 3ª dos Franciscanos, lugar agradável, silencioso e com a bela companhia de um relógio de sol. Mas gostaria de ressaltar outros dois lugares do Pelourinho que são marcos do cinema nacional, um deles é a igreja e a escadaria onde foi rodado "O Pagador de Promessas", e o outro, ao lado dessa escadaria, é o ateliê de Jayme Figura, onde foi rodado o curta "O Sarcófago", de Daniel Lisboa. E bem ao lado desses dois marcos há um boteco de primeira: o Bar do Carmo. Ao final da visita ao Pelourinho desci e subi o elevador Lacerda para visitar o Mecardo Modelo.


PRAIA DO FLAMENGO. Sim, em Salvador também tem uma praia com esse nome. A sugestão foi de Daniel Lisboa, que considera que talvez eu seja o único sujeito na história que pegou um ônibus do Porto da Barra até essa praia. Foi uma hora pra ir e uma hora e meia pra voltar em ônibus urbano preço da passagem R$2,80 em outubro de 2012. Porém, como vocês podem perceber abaixo, o esforço foi recompensadíssimo. A viagem de ônibus foi massa porque percorreu toda a orla de Salvador e assim fui conhecendo todas as praias com um visual belissimo do mar. Passei pela famosa Itapoã, que apesar de todas as críticas, é arrumadinha, mas realmente pouco recomendada. Passei mais de três horas na praia do Flamengo, um descanso agradável, brisa e um bom banho de mar.



Conheci também: Acarajé da Dinha, Acarajé da Rosa (em frente à Biblioteca Publica nos Barris), praia do Porto da Barra, Farol da Barra, restaurante Líder (famoso por seu sanduíche de pernil), Cinema Glauber Rocha Espaço Itau de Cinema, Corredor da Vitória, Rio Vermelho, boteco na rua Carlos Gomes esquina com a ladeira da Lama, bar Ancora do Marujo (também na Carlos Gomes), Arena Fonte Nova (em construção).

06 outubro 2012

Celebração para a cidadania - Outubro 2012

Caros amigos e conhecidos, escrevo aqui por um sentimento de cidadania.

Amanhã São Paulo precisa tomar um rumo, não pensemos em soluções ideais, não pensemos na moralidade 100%, nem dentro de casa conseguimos ser assim.

Pensemos em projetos, pensemos em bases, pensemos em erros e acertos, pensemos em humanismo, em agregar, pensemos contra qualquer tipo de intolerancia.

Deixo aqui a sugestão de Fernando Haddad por três bases de seu programa de governo: O Arco do Futuro, Bilhete Unico e reorganização das subprefeituras.

É o unico candidato que fala em calçadas: "Criação do programa de recuperação de calçadas 'Caminho Seguro'". É o unico candidato que fala em desestimular o uso do automovel. Dificilmente ele construirá tudo em 4 anos, mas plantará bases, e daqui a 4 anos, exercendo a nossa cidadania, avaliaremos e optaremos para o que for melhor.

Vamos ler o seu programa de governo:  clique aqui

Chega de discusos fáceis, de discursos que estimulem a nossa revolta imediata e consumista. Precisamos nos revoltar na cidadania para estimular o bem comum, a coletividade, a harmonia de convivencia e não somente a importancia individualista do meu quadrado.

Por favor não busquemos o mais ideal dos governos, a politica é um processo, são etapas longas, dificeis, impregnadas com o cancer da corrupção. Mas se virarmos as costas e pensarmos somente no nosso bem estar indiviudal, a política pouco avançará e o resultado é uma bárbarie, é uma metropole sem humanidade. Eu prefiro agir.

Confesso que em todos os governos do PT pelos quais vivi (prefeitura de são paulo, Lula e Dilma) pouco me beneficiaram, não usufrui de seus programas sociais, não melhorei de vida nem ascendi socialmente, mas vi um país que se tranformou. É obvio que houve erros e excessos, é obvio que não foi, novamente uso essa palavra, o ideal, mas fez avançar, moveu o curso da História. Pensemos que no governo Lula foi onde mais houve mecanismos de combate à corrupção, para todos os lados.

Aqui é um desabafo de quem realmente ama viver em São Paulo, que não a ofende por suas dificuldades e sim celebra o que de melhor ela oferece.

Vamos celebrar!